Uma Prece Para o Ar

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O homem de terno negro e ar soturno limpou as lágrimas que ainda tinha no rosto e dobrou seus joelhos sobre o piso de mármore da igreja em reverência a seu Deus.



- Pai nosso que estais no céu... Senhor, eu... Humildemente peço perdão pelas minhas inúmeras transgressões. Sei que essa ultima semana me revelei um pecador imperdoável, mas o pastor Alfredo sempre diz que o Senhor perdoa tudo, não é mesmo? Estou em divida com a sua palavra e com seus ensinamentos seculares. Quero que saiba (e Tu tudo sabes) que eu não fiz algo assim tão horrível sem motivos, nem tão pouco acho que o crime pavoroso que cometi representa algo negativo para a humanidade. Para ser totalmente franco penso que o mundo se torna menos amargo e mais aprazível sem ela.

O homem tomou folego e tentou suprimir as lagrimas que teimavam em vazar de seus olhos.

- Vou confessar a Ti, Ser pleno em misericórdia, como tudo aconteceu.

“A vida a dois, o sagrado matrimônio iluminado pela Tua luz, estava se tornando insustentável. Até então nunca havia me dado conta da frieza indiferente e do comportamento lascivo-pecaminoso de minha esposa, Maria. Ela sempre havia sido a esposa mais carinhosa e dedicada. Nunca se negara a nada. Sempre fizera tudo o que eu lhe pedia sem pestanejar e mantendo no rosto um sorriso sincero. Nunca se negara a cumprir seu papel de esposa. A coisa começou a mudar muito bruscamente. Quando dei por mim estava sendo bombardeado por insolências provenientes de uma súbita erupção dos verdadeiros sentimentos presos em Maria. Ela se recusava a fazer os serviços domésticos da forma que eu exigia e vivia falando em ser mais independente. Como se eu fosse um louco que a prendesse dentro de casa e a sufocasse a todo momento. Era claro para mim que Maria estava perdendo o juízo. Ela se recusava até mesmo a fazer sexo comigo. Se recusava a cumprir com uma de suas obrigações matrimoniais mais básicas! A culpa e a incerteza começaram a me corroer desde então”.

“Eu tinha certeza (embora não estivesse munido de nenhuma evidência ou prova concreta) que Maria estava tendo um caso. Só podia ser por isso que tinha enfiado na cabeça ideias tão absurdas e repentinas. Só podia ser o diabo soprando sandices em sua cabeça oca!”

“Sempre tive medo que esse dia chegasse. Muitos amigos meus já haviam me dito que as mulheres estavam cada vez mais iludidas com a ideia de igualdade. Esse câncer terrível repetido diariamente pela grande mídia. Eu não podia mais suportar tal terrível desgraça. Tentei tranca-la dentro de casa, mas ela ameaçou chamar a policia. Acredita nisso, oh Deus? Ela ameaçou o próprio esposo! Seu provedor e amante! A insolência daquela vagabunda não parecia terminar nunca!”.

“O Senhor bem sabe que sou paciente, mas tudo se esgotou quando recebi a noticia de que ela havia encontrado um emprego. Não pude refrear meus instintos de homem. Peguei-a pelos cabelos e dei-lhe uma joelhada na cara. Ela desmaiou instantaneamente. Sem saber o que fazer, procurei então em minha caixa de ferramentas por um fio de arame resistente. Envolvi seu pescoço fino e frágil nele e apertei com força até que seu peito parasse de subir e descer. Despi-a e percebi que a desgraçada havia aparado os pelos pubianos. Estava dando aquela buceta para outro filho da puta pela região. Emputecido de raiva resolvi cobrar o que me negara e estuprei seu corpo gelado durante toda a noite usando detergente como lubrificante. Depois disso decidi me desfazer dos restos mortais. Depois de forrar as paredes e o chão com plástico, amolei o facão de churrasco que tenho e cortei as mãos, os pés, os antebraços, as pernas, a cabeça e retirei todos os órgão do tronco a fim de colocar seus membros lá dentro e costurar com fio de náilon. Quando terminei coloquei-a no carro e ateei fogo em seu corpo no matagal”.

- Não quero parecer insolente ou blasfemo, mas... Se Tu que tudo podes não me impediste de realizar tamanha atrocidade, suponho que tenho Teu apoio para tal tarefa. Por favor, oh Deus todo poderoso dê-me um sinal de que o que fiz lhe desagradou!

Não houve sinal algum.

- Eu sabia Senhor. Sempre soube que aquela mulher pecaminosa merecia tal fim não obstante sua infinita misericórdia. Obrigado por me mostrar o caminho da retidão.

por JORGE GUERRA

Vão pela sombra, Equipe Eutanásia.

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